terça-feira, 1 de outubro de 2013

Um pouco da história da região de Magé




O Município

Magé é formado por três ecossistemas ricos em biodiversidade e de grande importância ambiental na região metropolitana. O primeiro, ao norte, é a encosta da Serra dos Órgãos, com o predomínio de escarpas rochosas, cobertura vegetal de Mata Atlântica e algumas pastagens e plantações de bananeiras. O clima é mais ameno e com muitas chuvas no verão. É nesta área que nascem os rios que banham Magé, inclusive os mananciais de capitação de água que atendem a outros municípios da região, e se localiza parte do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
O segundo é a área de baixada, mais plana, situada no centro do município, onde se encontram os melhores solos para a agropecuária e os núcleos urbanos. Existem ainda muitos lotes desocupados ao redor destes núcleos, com grandes áreas vazias entre eles.
O terceiro é litorâneo, com importante função na reprodução da fauna marinha. É uma região sujeita a inundações periódicas, onde predominam brejos e manguezais. Apesar das condições inadequadas à ocupação urbana, muitas áreas estão loteadas.
Os diversos rios que atravessam Magé nascem nas serras dos Órgãos e Estrela – Iriri, Suruí, Santo Aleixo ou Roncador, Magé e Estrela –, desembocam na Baía de Guanabara e têm importância fundamental no desenvolvimento agropecuário local, na produção industrial e no processo de urbanização. A maior parte do extenso território de Magé tem baixa densidade de ocupação e características predominantes de área rural, onde se destacam núcleos urbanos isolados entre si, ligados por rodovias e ramais ferroviários.
Os principais núcleos urbanos correspondem às sedes históricas de antigas freguesias e povoados. Existem seis distritos municipais em Magé, cada um com características próprias relacionadas ao processo histórico de ocupação. De forma geral, é possível identificar os seguintes tipos de ocupação:
- Núcleos situados na serra originados a partir da implantação de fábricas no final do século 19, como é o caso de Pau Grande, no 3º distrito, e Santo Aleixo, no 2º;
- Áreas em que predominam matas e cachoeiras, apropriadas para o incentivo ao ecoturismo;
- Pequenas vilas pesqueiras, como Suruí (4º distrito), Piedade (2º distrito) e outras situadas no litoral;
- Núcleos urbanos bem estruturados de médio porte, como a sede municipal (1º distrito);
- Bairros-balneários, como Mauá (5º distrito);
- Núcleos residenciais típicos da Baixada Fluminense, como Piabetá e Fragoso, com alta densidade de ocupação e concentração de habitações de baixa renda e inúmeros assentamentos subnormais.
Ao longo de sua história, o território de Magé recebeu várias benfeitorias e prédios, dos quais resta um número razoável. Esse patrimônio histórico foi tombado em nível nacional e estadual.
A ocupação do território de Magé foi marcada pelos principais ciclos econômicos de desenvolvimento da história do Brasil: o da cana-de-açúcar no século 16; o do ouro nas Minas Gerais, no século 17; o do café no Vale do Paraíba, no final do século 18; e a introdução da indústria têxtil, no final do século 19 e princípio do século 20. A participação do município nesses
ciclos se deu em função de sua posição geográfica privilegiada, como parte importante das rotas comerciais, o que permitiu o surgimento de uma função logística associada a vários modos de transporte.
Magé pertence à Região Metropolitana, que também abrange os municípios de Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.

Magé limita-se ao norte com Petrópolis, ao oeste com Duque de Caxias, ao leste com o município de Guapimirim e ao sul com a Baía de Guanabara. O município tem uma área total de 386,8 quilômetros quadrados, correspondentes a 8,3% da área da Região Metropolitana.

Magé localiza-se a 22º39'10" de latitude sul e 43º02'26" de longitude oeste, a uma altitude média de 5 metros. Seu relevo é acidentado.

Sua bacia hidrográfica é composta pelos seguintes rios:
* Rio Roncador
* Rio Inhomirim
* Rio Suruí
* Rio Magé Mirim
* Rio Saracuruna

História
O desbravamento da região de Magé data dos primeiros tempos coloniais do Brasil. Na época, viviam na região índios da tribo dos Tamoios, dos quais não restam vestígios. Em 9 de junho de 1565, após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, Simão da Mota recebeu uma sesmaria perto de onde hoje existe o porto da Piedade e lá se estabeleceu.
Em 1696, foi criada a Freguesia de Magepe, que, devido à fertilidade do solo, ao grande número de escravos e ao esforço dos colonizadores, gozou de uma situação invejável no período colonial. Em 1789, foi elevada à categoria de vila por ordem do vice-rei D. Luiz de Vasconcellos e Souza e obteve sua emancipação. Há indícios da existência, naquela época, de pelo menos três grandes engenhos de açúcar e de atividades de exploração de madeira na região. Nas áreas alagáveis, eram cultivados mandioca, legumes, café, frutas e arroz.
A região se beneficiava da ampla rede hidrográfica e da comunicação marítima com a Baía de Guanabara, o que facilitava o escoamento da produção rural para o Rio de Janeiro e conferia a Magé uma posição de cidade portuária.
Nos séculos 17 e 18, foram criados três caminhos oficiais que ligavam as províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais para a passagem do ouro e das pedras preciosas. A partir de 1723, se inicia em Magé, mais precisamente no Porto da Estrela, a construção da principal e mais movimentada Estrada Real do Brasil, que unia a capital do Império à província das Minas Gerais.
No século 18, com o declínio do ciclo do ouro, a economia passou a girar em torno da produção cafeeira do Vale do Paraíba e do sul de Minas. Magé permanecia uma região de passagem, com pequenos vilarejos que serviam de parada para os viajantes. Toda a infraestrutura criada a partir do comércio de ouro e de pedras preciosas de Minas Gerais foi modernizada e adaptada ao café. Estradas foram recuperadas, e os portos de Iguaçu e Estrela (Inhomirim) passaram a servir ao embarque da produção cafeeira do sul de Minas. Nessa época, o Porto da Estrela era o segundo mais movimentado de todo o território brasileiro, somente superado pelo do Rio de Janeiro.
Em 1799, após sucessivos pedidos de melhoria da estrada variante do Caminho Novo, o príncipe regente D. João aprovou a obra de calçamento da parte mais íngreme, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1937. O calçamento apresenta alguns trechos em razoáveis condições de preservação.
A importância do município durante o Segundo Império pode ser comprovada com a inauguração, em 1854, da primeira ferrovia da América do Sul, a Estrada de Ferro Mauá, com 14,5 quilômetros de extensão, construída por iniciativa de Irineu Evangelista de Sousa – o barão de Mauá. A viagem a Petrópolis começava por via marítima, até o Porto Mauá, depois por trem até Raiz da Serra e seguia por diligência, na estrada da Serra da Estrela.
No final do século 19, com a abolição da escravatura, a produção cafeeira entrou em colapso, levando a uma grave crise econômica que, aliada à insalubridade da região, ocasionou a extinção das grandes plantações. O abandono das terras assoreou os rios, que alagaram a baixada que corta o território municipal, originando surtos de malária e paralisando o  desenvolvimento econômico da região por décadas.
Ao mesmo tempo em que desmoronava a economia do Vale do Paraíba, a Baixada Fluminense também enfrentava um período de decadência. A inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1864, ligando Petrópolis ao Rio de Janeiro, sem cruzar o Rio Inhomirim, representou um trajeto direto por terra, desviando-se do percurso original até o Cais Mauá, em Guia de Pacobaíba.
O período republicano trouxe investimentos em novos setores da economia, como o industrial. O fato de Magé contar com estradas de ferro, condições geográficas favoráveis e ser rico em recursos hídricos tornou a região especialmente atraente para a implantação de indústrias têxteis, associadas ao capital e à tecnologia ingleses.
O desenvolvimento industrial impulsionou a abertura de novas estradas de ferro em direção ao interior do município, que começou a assistir a uma ocupação mais acentuada a partir da segunda metade do século 20. Em 1946, já havia sido iniciado o trabalho de drenagem dos rios da região, com benefícios diretos para a atividade agropecuária e urbana.
Em meados dos anos 60, o serviço ferroviário de passageiros no trecho Piabetá-Guia de Pacobaíba foi extinto. A estação e a linha foram abandonadas e, embora tombadas pelo Patrimônio Histórico, permanecem no descaso.
Em 1992, com a autonomia de Guapimirim, Magé sofreu uma expressiva redução do território. O município ainda é um ponto de passagem entre Rio e Teresópolis, mas as altas tarifas de pedágio na rodovia estancaram o seu desenvolvimento, dificultando o transporte diário para a massa popular empregada no Rio de Janeiro e desestimulando a implantação de novas atividades produtivas na região.








Fonte: Biblioteca IBGE


Nenhum comentário:

Postar um comentário